Vida - ou a falta dela.

O que aconteceu não era de todo culpa dele. Não há nada de errado em dizer adeus pra alguém, quando você sente que deve; quando sente que, se não disser, uma parte de você ficará impenetrável, morta.
E apesar de todos os seus amigos - e amigas dela, também - insistirem que o motivo principal não havia sido o término, ele se sentia péssimo. Não havia como não se sentir.
No dia, os pais dela agiram como se ele a tivesse induzido a fazer tal coisa. Chamaram-no de assassino, de crápula, de monstro. Ainda olham pra ele com nojo e ódio.
Não houve um motivo exato. Talvez até houvesse, mas ninguem ousava falar. É sabido que muita coisa a incomodava. A falta de controle sobre sua própria vida era, talvez, a maior delas.
Ela achava um absurdo não poder controlar os próprios limites, os próprios sonhos, os próprios setimentos, as próprias palavras, a própria comida favorita, as próprias roupas, a cor do próprio edredom... Seu pai, e principalmente sua mãe, o faziam.
E eu, pessoalmente, os culpo.
Ela se apoiava muito nele. Naquele dito acima, que se sentia culpado. Nunca havia gostado tanto de alguém, nem mesmo daquele primeiro namorado, que a dedicou uma música de composição própria e mandava cestas de café da manhã nos aniversários de namoro. Nem mesmo dele.
Ele também nunca gostara de alguém tanto quanto gostou dela. A diferença é que ela o amava, e ele só... gostava. Seu sentimento se esgotava enquanto o dela só aumentava, e não é bom quando um tem de mais, e o outro, de menos.
Foi por isso que ele teve de dizer adeus.
Mas enquanto ele se despediu de uma única pessoa, ela se despediu de todos. Ele era a única coisa que a fazia suportar aquele inferno que era não controlar o que faz, já que com ele, sentia-se livre. Ele a ensinou a sentir-se livre. Ela aprendeu tão bem, que levou isso consigo depois do adeus.
Sentia-se tão livre que viu que tinha liberdade até para controlar sua vida. E nesse caso, vida no sentido de ter um coração batendo e um cérebro pensando.
Não foi culpa dele.

4 comentários:

Unknown disse...

pssoas livres demais tendem a ficar sozinhas... meu caso.

Meu maior mdo: não ter controle sobre sua própria vida.

Eo texto tá massa... não tem dessa de 'não gostei'

joão pedro disse...

"Mas enquanto ele se despediu de uma única pessoa, ela se despediu de todos."


lindo, couboia <3

bruckz disse...

muito lindo sis, adorei!

Aninha disse...

vcê me inspira! (:

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