Vida - ou a falta dela.

O que aconteceu não era de todo culpa dele. Não há nada de errado em dizer adeus pra alguém, quando você sente que deve; quando sente que, se não disser, uma parte de você ficará impenetrável, morta.
E apesar de todos os seus amigos - e amigas dela, também - insistirem que o motivo principal não havia sido o término, ele se sentia péssimo. Não havia como não se sentir.
No dia, os pais dela agiram como se ele a tivesse induzido a fazer tal coisa. Chamaram-no de assassino, de crápula, de monstro. Ainda olham pra ele com nojo e ódio.
Não houve um motivo exato. Talvez até houvesse, mas ninguem ousava falar. É sabido que muita coisa a incomodava. A falta de controle sobre sua própria vida era, talvez, a maior delas.
Ela achava um absurdo não poder controlar os próprios limites, os próprios sonhos, os próprios setimentos, as próprias palavras, a própria comida favorita, as próprias roupas, a cor do próprio edredom... Seu pai, e principalmente sua mãe, o faziam.
E eu, pessoalmente, os culpo.
Ela se apoiava muito nele. Naquele dito acima, que se sentia culpado. Nunca havia gostado tanto de alguém, nem mesmo daquele primeiro namorado, que a dedicou uma música de composição própria e mandava cestas de café da manhã nos aniversários de namoro. Nem mesmo dele.
Ele também nunca gostara de alguém tanto quanto gostou dela. A diferença é que ela o amava, e ele só... gostava. Seu sentimento se esgotava enquanto o dela só aumentava, e não é bom quando um tem de mais, e o outro, de menos.
Foi por isso que ele teve de dizer adeus.
Mas enquanto ele se despediu de uma única pessoa, ela se despediu de todos. Ele era a única coisa que a fazia suportar aquele inferno que era não controlar o que faz, já que com ele, sentia-se livre. Ele a ensinou a sentir-se livre. Ela aprendeu tão bem, que levou isso consigo depois do adeus.
Sentia-se tão livre que viu que tinha liberdade até para controlar sua vida. E nesse caso, vida no sentido de ter um coração batendo e um cérebro pensando.
Não foi culpa dele.

Let's talk,

Ele não conseguia olhar nos olhos dela.
- Tem mais alguma coisa que te incomoda em mim? - Ele fitava o chão.
- Tudo em você me incomoda - ela respondeu, tímida e com medo - E é isso que me faz gostar tanto de você.
Ele finalmente olhou para ela.
- Me incomoda o jeito que você arruma o cabelo, o fato de você rir de tudo, o fato de eu nunca entender o que voce quer dizer, o fato de você fumar e beber..
Ela fez uma pausa. Não sabia se devia continuar falando ou não, mas a expressão de espera dele a fez prosseguir, com a voz meio trêmula.
- O jeito que você me olha, a cara que faz antes de me beijar... Tudo!
Ele deixou escapar um sorriso, seguido de um pedido de desculpas.
- E me incomoda de um jeito bom. De um jeito muito... Muito seu... Que eu acabo achando muito meu, também.
Ela suspirou, o que indicou o ponto final de seu discurso. Agora era ela quem não conseguia olhar pra ele. Ele começou a falar.
- Eu fiquei meio constrangido agora - sua voz realmente indicava constrangimento -, porque eu não odeio nada em você.
O coração dela disparou, ela corou. Ele não percebeu.
- Tá, eu odeio como você me deixa puto da vida, e logo depois consegue me deixar feliz.
- E isso é bom?
- É - essa afirmacão a fez olhar nos olhos dele -. Acho que só você consegue me deixar assim... É uma vontade de explodir.
Ela ia falar alguma coisa, mas ele continuou.
- E depois você me fala tudo isso... Eu fico com cara de bobo, sabe?
Ela sabia. Podia ver aquilo ali, bem a sua frente.
Eles se odiavam.

"But mostly I hate the way I dont hate you. Not even close, not even a little bit, and not even at all." - 10 Things I Hate About You.

Baseado em fatos reais, haha <3

Foi o melhor dia da minha vida.

Acordei às sete horas da manhã. Eu ainda não tinha me tocado que havia acordado nesse dia com um verdadeiro propósito, com uma coisa realmente inesquecível pra fazer. Tomei banho, me arrumei, comi sucrilhos e fui pra rodoviária com minha mãe. Lá, encontrei pessoas que iam pra São Paulo com a Rock in Road também. Às dez horas o ônibus chegou na rodoviária e nós nos dirigirimos pra São Paulo.
Chegamos na Chácara do Jockey às 14:50. O segurança cantou minha mãe antes de nos deixar entrar. Ele disse que, se o Duff McKagan a visse na plateia, pararia o show e a pediria em casamento. Quem me dera!
Entramos. Meu ingresso era da pista premium, mas fui até a pista normal para encontrar meu "irmãozinho" Why, que eu conheço desde 2007, mas nunca o tinha visto pessoalmente. Minha alegria já começou aí.
Às 15:20 me dirigi à multidão para tentar ficar perto da grade. Encontrei duas meninas que tambem estavam tentando se infiltrar na plateia, e fomos juntas traçando um caminho entre as pessoas, dando a desculpa de que uma amiga nossa estava mais a frente. Paramos numa distancia um tanto quando boa da grade. Duff Mckagans Loaded começou a tocar às 16:50hrs. Umas cinco pessoas muito loucas, com um estilo bem peculiar começaram a pular em cima de todo mundo para conseguir um lugar perto da grade. Estavam lá para ver o Duff e somente ele, então todos os deixaram passar. Foi bonito até! Um homem que devia ter seus 23 anos, de cabelo completamente descolorido, olhava para seu irmão e berrava com lágrimas nos olhos 'É o Duff, cara! É O DUFF!'. Claro que eu tambem pulei e gritei ao som da banda do ex-integrante do Guns'n'Roses. O calor era insuportável no meio de toda aquela gente.
Lá pelas 18:40, Dir En Grey começou a preparar as coisas no palco, e a multidão ia ao delírio quando a silhueta de um dos integrantes aparecia. A banda finalmente entrou às 7hrs. Como os fãs de Duff McKagans Loaded tinham ido embora, consegui me aproximar um pouco mais do palco. Pulei e gritei muito, e assim como a multidão inteira, enlouqueci quando Kyo usou os dois conjuntos de cordas vocais ao mesmo tempo. Ao término do show, quando os fãs de Dir En Grey tambem foram embora, consegui ir mais pra perto da grade. Só havia duas fileiras de pessoas na minha frente até a ela!
O painel da banda que era o motivo da minha ida até São Paulo num domingo desceu, e me emocionei ao ler 'Pretty Odd'. Panic! At The Disco entrou às 20 hrs, começou a chover. Ao ver o Brendon subir ao palco com um sorriso no rosto, não contive algumas lágrimas. It's Time To Dance começou a tocar. Brendon cumprimentou a plateia, perguntou se estávamos animados para o show do Evanescence. Antes de cada musica, ele falava alguma coisa relacionada a ela. Por exemplo, antes de começarem a tocar I Constantly Thank God For Esteban, ele disse "This song talks about a guy named Esteban!'. Não me lembro entre quais músicas foram, mas ele perguntou "Does anybody knows any good parties where we can get really drunk at?" - Alguém sabe de alguma festa onde podemos ficar muito bêbados? - e eu gritei "PARTY AT MY HOUSE!", mas acredito que ele nao tenha escutado, infelizmente.
Depois de tocar 12 músicas, Brendon disse que tinha sido o melhor show deles em 5 anos, e que eles voltariam pro Brasil, com certeza. Nas palavras dele: I'm not fucking lying, this is the best show we've played. We've been playing for five years, and THIS is the best. We are definitely coming back, if you have us, for sure!. Quase morri de felicidade. Fecharam com Mad as Rabbits, e o "lema" ficou em minha cabeça mais forte que nunca: we must reinvent love. O show acabou, Brendon jogou um setlist na plateia, que eu peguei. Era o setlist do Dallon! Saí com dificuldade e cautela da multidão, pra não me machucar e não rasgar o setlist, que estava molhado por causa da chuva. Encontrei minha mãe e fomos comprar água pra mim. Devia ser umas 21:20. Eu estava sem comer nem beber nada há oito horas.
Fomos até a pista normal novamente, onde estava o quiosque de vendas de camisetas e acessórios oficiais das bandas. Compramos três camisetas do panic e voltamos pra pista premium.
Lá pelas 22:20, Evanescence começou a tocar, cantamos e berramos junto, e confesso que chorei quando Amy Lee se sentou ao piano para tocar My Immortal. O show acabou, era mais ou menos 23:50. Me despedi do Why, e eu e minha mãe fomos até saída. Começou a chover muito forte e o ônibus não estava onde combinaram que estaria. Passamos quinze minutos na chuva mais forte da minha vida, quando finalmente achamos o ônibus. Viajamos de volta a Ribeirão completamente ensopadas, chegando às 4:15 da manhã. Voz era uma coisa que eu não tinha mais.
Esse foi meu domingo do dia oito de novembro de dois mil e nove. O dia do Maquinária festival, o melhor dia da minha vida.
Obrigada a todas as pessoas que tornaram isso possível. <3



Brendon prometeu que voltariam ao Brasil.
E quando voltarem, estarei lá novamente.

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