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Uma História Sem Borboletas.

Vem cá, toma, acende esse cigarro. Senta aqui no sofá, esquece isso. Falemos sobre as palavras dos queridíssimos Mário Quintana e Hilda Hilst, falemos sobre as cores. Toma, uma xícara de café. Engole a indiferença com esse líquido preto e morno, que eu não gosto de te ver assim. Era meio alaranjada, ela respondeu. E fria, também. Mas isso não é uma cor.
Não mesmo, mas também serve. Acendi outro cigarro, e ela permaneceu quieta, contemplando a fumaça que saía do Marlboro recém jogado no cinzeiro, que subia num fio tênue e dissipava-se conforme atingia uma altura maior. Tive vontade de mandá-la embora, de apagar o cigarro em sua lingua, depois acender outro e apagá-lo em seu olho esquerdo. O que diabos era uma manhã alaranjada e fria? Uma manhã alaranjada e fria significa.., ela sussurou, quebrando o silêncio. Talvez tivesse entrado em minha mente. Talvez manhãs alaranjadas e frias fossem aquelas que te ensinam a ler pensamentos. Significa uma manhã como outra qualquer, exceto pelas pessoas. Ela passou a olhar pra dentro da própria xícara de café. Elas se tornam mais deprimentes do que habitualmente são, e isso é assombroso. É como se te olhassem querendo te devorar, e não no sentido bom. E quando você olha pra elas, vê apenas um nada. Talvez fossem aquele branco liso e calmo que Caio F. fala sobre em Uma História de Borboletas, aqueles bichos brancos e sujos. Mas não havia uma borboleta sequer em meus cabelos, nem nos das outras pessoas. A próxima manhã, espero ser azul e quente.
Outro cigarro, e mais outro, e outro, até acabar o maço. Nenhum deles apagado na língua, tampouco nos olhos. Pelo menos não visivelmente, nem por mim.

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