Suddenly,

Ele não parava de falar. Falava, falava, falava, mas eu não ouvia mais nada. Parei de ouvir quando disse "acho que não dá para continuar".
Lembrei-me do primeiro sorriso dele que vi, de como corei quando se aproximou e perguntou meu nome. Lembrei daquela manhã em que me ligou pra desejar bom dia, alegando que gostava do meu timbre de voz recém despertado. Lembrei daquela música, daquela tarde de outono em que pulamos nos montes de folhas secas do parque da cidade, e de como o jardineiro ficou bravo ao ver que teria de juntá-las novamente. Lembrei de novo daquela musica.
Quando voltei à realidade, àquela realidade que fez com que minha respiração falhasse, com que meus dedos dos pés e das mãos formigassem e com que meu coração gritasse pedindo uma explicação, ele havia se calado. Olhava diretamente em meus olhos, mas eu não conseguia devolver o olhar. Se olhasse de volta, a lágrima que eu lutava para não cair, cairia queimando minha face e mostrando como eu era fraca.
Ele me abraçou. Abraçou-me apertado. Um abraço vazio, triste e amargurado, porém decidido.
Devolveu-me o colar com minhas iniciais grafadas no pingente, deu meia volta e saiu andando.
Eu permaneci ali, imóvel, prostrada, sem receber explicação alguma, com o coração latejando, intercalando desmotivação, infelicidade, dúvida e solidão.

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns! Amei o texto e a forma como você escreve =)

Jess disse...

Adorei - e vou vim sempre por aqui! *--*'

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