Que seja, então.

Ela nunca se sentiu tão mal em toda sua vida. Exagero, já se sentiu pior, mas hoje doía tanto, tanto.
O que doía ao certo, não sabia. Só sabia que era insuportável, corrosivo, extremamente putreficante. Podia jurar que, se tudo isso saísse de dentro dela, seria através de nódulos, hematomas e feridas necrosadas. Seria horrível.
Mas pior que ter o corpo e a pele completamente machucados, é ter tudo confuso dentro de si. Pensamentos desconexos, atormentadores e cortantes. São como estalactites - grandes, pontudos e pesados - caindo em sua direção, não te dando opções de fuga, te mostrando que vão te pegar, e que isso vai doer.
Não há como evitar ou dispersar.
Sugere a si mesma que vá dormir, tendo a esperança de que quando acordar, nao haverá mais nada. Relevar é, às vezes, essencial. Independente de como está, de como esteve. Ou então não relevar, mas fazer disso algo possivelmente agradável. Como aprendido com sua amiga, que por sua vez aprendeu com Caio Fernando Abreu, que seja doce.
Que o sonho seja doce, que a manhã seja doce, que a dor seja doce, que as feridas sejam doces, que a vida seja doce.
Que ela seja doce.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Twitter

Seguidores

Visitantes

free counters
 

Tonksbond Blog | Layout por @vtkosq